Pelas curvas!

 Katy Perry – Firework

Numa de minhas caminhadas pelo infinito dos sites da internet, me deparei com uma figura de nome até então desconhecido a meus ouvidos (e a meus olhos): Christina Hendricks.

Confesso aberta e publicamente que fiquei boquiaberta com esta mulher, um pouco atordoada até: “exótica” é certamente pouco para descrevê-la. Impossível não notá-la; mais ainda, não surpreender-se com ela. Quando me recompus um pouco do choque à primeira vista, tornei-me automaticamente sua fã, mais ainda após ler esta sua frase:

Não faço ideia se é uma boa atriz, bem casada, mãe dedicada, exímia cozinheira, se adotou crianças de países miseráveis ou um filhote de uma dessas feiras. Pouco me importa se segue os passos de Bono ou Jolie, se é adepta dos discursos de miss, intolerante a lactose ou o número de seu sapato: me basta o fato de que ela quebra com maestria esse padrão insano de beleza. Simples assim. Ponto.

Justiça seja feita, não poderia deixar de citar mais duas mulheres incríveis, às quais o meu rótulo de fã também se aplica pelas razões supracitadas: Tara Lynn (americana) e Fluvia Lacerda (brasileira).

Tara Lynn foi absolutamente incrível ao posar nua para capa e ensaio da Elle francesa. Dona de um manequim 46, renomada modelo plus size e belíssima, Tara esbanjou muito mais que ousadia, auto-estima, polêmica e beleza: foi simplesmente genial. Cabe dar o devido crédito também à Elle, por reger este verdadeiro show de irreverência e bom gosto com maestria sem igual.

Fluvia, por sua vez, inspira com sua história: radicou-se em Nova York, onde foi convidada a ser modelo. Pensou que era uma brincadeira de mau gosto, mas viu que, na verdade, era o início de uma carreira extremamente promissora. Cabe aqui somente a ironia de ser necessário estar em outra pátria que não a sua amada, que se diz tão gentil e vangloria-se por suas mulheres curvilíneas e sensuais, mas pouco ou nada investe no mercado plus size, seja em roupas, modelos ou a simples valorização deste tipo.

Acredito que, para uma modelo, obedecer à ditadura da magreza seja tarefa árdua de se cumprir. Que dirá para uma garota cujo corpo teima em traçar seu caminho com curvas mais acentuadas.  Ver exemplos de mulheres que fazem pouco caso dos padrões, driblam a rigidez estética e riem destes absurdos de forma tão linda, sexy e segura como estas três (dentre outras que certamente há por aí), me faz pensar que ainda há juízo e sensatez neste mundo enorme, caótico, maravilhoso, monocromático, diminuto, tímido e berrante que se apresenta bem à nossa frente.

Por isso, uni-vos, mulheres com curvas! Vamos, assim como o Brasil de Cazuza, mostrar nossa cara, assumir estes caminhos sinuosos e cheios de surpresas que reservamos em nós! Chega de linhas retas e desinteressantes, de trilhas insossas, de dietas amalucadas e esqualidez! Quando iremos acordar desse pesadelo e ver o tempo que perdemos tentando alcançar um corpo produzido em escala, quando podemos ser únicas, diferentes, exóticas, nós mesmas?

Registro então aqui, nestas breves linhas, meu tímido, intenso, pequeno de corpo e imenso de alma manifesto: que retorne o mistério das curvas e a avidez por desvendar os segredos carregados por cada uma delas!

4 opiniões sobre “Pelas curvas!

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  3. Viva Botero, Di Cavalcanti, Women running on beach de Picasso… mas ser artista ou louco não é pré condição pra destacar a beleza q brota da naturalidade e ausência de pré-conceitos.

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  4. Acho extraordinária qualquer manifestação anti-escravidão-da-magreza, mas esse post foi mais além, mostrou exemplos de mulheres que não apenas se libertaram dessa aflição como também souberam tirar proveito de serem como são: MARAVILHOSAS!

    Parabéns pela coragem de publicar algo tão “fora dos padrões estéticos”.

    OPN!

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